Documentos vazados do Departamento de Defesa dos Estados Unidos revelaram uma trágica realidade sobre a guerra na Ucrânia, expondo a magnitude das perdas do exército russo desde o início do conflito, em fevereiro de 2022. Segundo uma análise realizada pela revista The Economist, o número de soldados russos mortos, feridos ou capturados está estimado em cerca de 750.000. Estes cálculos, no entanto, não consideram o pessoal gravemente ferido que não conseguiu retornar à linha de frente, nem os recrutas provenientes dos territórios ocupados. O relatório sugere que para cada soldado russo morto, entre três e quatro ficaram feridos. Com base nos documentos vazados, estima-se que entre 462 mil e 728 mil soldados russos tenham sido retirados de ação até meados de junho de 2024, uma marca impressionante em um conflito que já dura mais de dois anos.

São Paulo, 23 de agosto de 2024.

As faixas etárias mais atingidas são as de homens com idades entre 35 e 39 anos, com 27.000 mortos. No entanto, a maior proporção de perdas, em termos percentuais da população russa, ocorreu entre os homens com idades entre 45 e 49 anos. Conforme destaca a análise do The Economist, "As últimas estimativas sugerem que cerca de 2% de todos os homens russos com idades entre os 20 e os 50 anos podem ter sido mortos ou gravemente feridos na Ucrânia."

Ainda mais alarmante, as perdas da Rússia na Ucrânia já superam o número de vítimas de todas as suas guerras combinadas desde a Segunda Guerra Mundial. O número de vítimas estimado excede até mesmo o total de tropas russas que inicialmente invadiram a Ucrânia. No entanto, a precisão desses números é difícil de verificar, já que Moscou mantém silêncio sobre os detalhes das suas baixas.

Fontes internacionais reforçam as estimativas. Em maio de 2024, o Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Stéphane Séjourné, revelou à Novaya Gazeta Europe que as perdas de Moscou ultrapassaram 500.000, sendo 150.000 delas fatalidades. “Tudo isso para quê?" questionou Séjourné. "Isso pode ser resumido em duas palavras: de graça.”

O Reino Unido também confirmou esses números. Em uma atualização de guerra de 31 de maio, o Ministério de Defesa britânico reiterou que as baixas russas haviam ultrapassado a marca dos 500.000. Segundo um relatório britânico, as recentes perdas da Rússia são resultado de um estilo de guerra que eles chamam de “ofensivo de desgaste”. As forças russas, sem o treinamento adequado, recorrem a táticas de ataques em ondas, pequenas e caras, na tentativa de minar as defesas ucranianas.

Apesar das pesadas perdas, a Rússia parece ser capaz de continuar alimentando suas tropas no conflito. De acordo com o New York Times, cerca de 25.000 a 30.000 novos recrutas são enviados à linha de frente mensalmente.

Por outro lado, a Ucrânia também tem sofrido perdas significativas. Em fevereiro, o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky relatou que 31.000 soldados ucranianos foram mortos no conflito até o momento, embora as estimativas para as baixas russas sejam muito maiores. Fontes independentes russas, como Meduza e Mediazone, em parceria com a BBC News Russia, estimaram que cerca de 120.000 soldados russos já morreram desde o início da invasão.

Enquanto isso, o Estado-Maior Ucraniano informou, em 8 de junho, que as baixas russas chegaram a 552.190. No entanto, esse número engloba tanto mortos quanto feridos, sem distinção clara entre eles. As informações, mesmo que fragmentadas e difíceis de verificar, pintam um quadro sombrio do impacto devastador da guerra para ambos os lados do conflito.